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Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

A Sardinha Mutante.

Na última viagem a Portugal fiquei impressionada como o Porto mudou. Graças à Ryanair, e outras empresas que operam no mesmo estilo, a cidade do Porto passou a ser ponto de chegada e partida de vôos muito baratos. O resultado foi um ótimo fluxo de turistas da Europa que passaram a entrar em Portugal pelo Porto. Na sequência disso, a cidade tornou-se efervescente, melhorou horrores a infra para os turistas e adquiriu aquele apaixonante ar de cidade cosmopolita.

Foi neste contexto que o artesanato local, visando cativar a pluralidade dos novos visitantes, se reinventou. Você pode encontrar cerâmicas tradicionais e também a "versão atualizada". Muito interessante de se ver. Um dos motivos que vemos estampados em tudo que é tipo de produto, além do galo de Barcelos, são as sardinhas. Elas aparecem sempre com muito bom humor e originalidade e, se eu não tivesse uma passagem da Ryanair, teria comprado alguma sardinha de recordação. Mas como não era esse o caso, me servi da empolgação recém adquirida para fazer minha própria sardinha. Como as novas sardinhas de Portugal são tudo, menos tradicionais, fui também por esse caminho e mandei a literalidade (de quem nunca fui muito amiga) passear em outras bandas. Para compor meu mosaico escolhi cerâmica, pastilhas de vidro e tampas de garrafa. Sim, uma vez mais reafirmo minha predileção pelas tampinhas daqui.


Elas não são simplesmente o máximo? São ricas nas cores, nos desenhos e estão por toda parte. Em Berlim há muitas "spätkauf", que são lojinhas de conveniência que ficam abertas até mais tarde. Entenda que uma grande necessidade do berlinense não é comprar shampoo ou Miojo na loja de conveniência. O que ele precisa mesmo é de cerveja, então este é o principal produto dessas lojas. O resultado: tampinhas de garrafa por todos os lados. Também dá para pegar muitas tampinhas nas próprias lojas. Aqui pertinho tem um restaurante que forrou suas mesas com as tampinhas das bebidas que vendeu, ou seja, tem mais gente apaixonada pelas ditas cujas.

Para minha sardinha, "abri" as tampinhas usando um pequeno martelo e com elas fiz as escamas. Mais uma tampinha aqui e outra ali para os detalhes. Ainda que não tenha saído do lugar comum, sinto uma alegria tremenda quando consigo fazer um trabalho bacana reutilizando qualquer coisa que seja. É uma questão minha mesmo. Eu já fui aquela pessoa para a qual o único significado de beleza no mosaico era traduzido pelo smalti. Aos poucos mudei meu modo de pensar. Continuo achando o smalti lindo, mas também acho que o mundo é muito amplo e seria um grande pecado limitar as escolhas a um único material, por mais tradicional que ele seja. Sem falar que nosso amado planetinha fica bem contentinho quando você reutiliza alguma coisa. Só vejo vantagens.


Clique sobre as fotos para vê-las em tamanho maior.

Já usei tampinhas outras vezes (veja aqui, aqui e aqui) e a cada novo mosaico com elas tenho uma ideia para o próximo.

Se você não se sente tão confiante para usar outros materiais para seus mosaicos, há um livro chamado "Making Mosaics with Found Objects", da autora Mara Wallach (foto abaixo). No livro há vários projetos de mosaicos que incorporam objetos dos mais variados que você pode achar no fundo daquela gaveta que não é arrumada há décadas. Tudo vale. Tudo pode. Uma coisa eu garanto, se você ousar incluir uma moeda que seja no seu próximo trabalho, nunca mais vai olhar uma caçamba com os mesmos olhos. Sem falar nos bazares da pechincha que guardam tesouros! Está vendo como o mundo é vasto?

Livro para quem precisa desmistificar o uso de outros materiais na composição do mosaico.

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